Tabagismo

Entrevista Por: Isabella Mercedes - 05/2024

O Brasil é um exemplo mundial no combate ao tabaco. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o número de fumantes sofreu queda animadora nos últimos quinze anos - sendo que esse cenário de redução acontece pelas medidas antitabaco implantadas no país ao longo dos anos, mas também pela disseminação de informações sobre as consequências que o fumo traz para a saúde. Para aprofundar o assunto, consultamos a Dra. Luciana Abdallah, pneumologista da rede Amil, que nos traz informações bastante relevantes sobre o tabagismo. Confira!

Quais são os principais riscos à saúde associados ao tabagismo e por que é tão importante combater esse hábito?

O tabagismo é um grave problema de saúde pública, representando mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo - e esse número só cresce. O cigarro é um vilão silencioso que invade nossas vidas, trazendo consigo doenças graves como câncer de pulmão e de outros órgãos, doenças arteriais como infartos, AVCs, insuficiência arterial  e doenças pulmonares como DPOC. Combater este hábito evita o aparecimento destas doenças e proporciona uma vida mais saudável, para os que fumam e os passivos também.

Quais são os métodos mais eficazes para ajudar as pessoas a pararem de fumar?

Existem várias maneiras de ajudar na cessação do tabaco. O primeiro passo é entender a necessidade de parar com este hábito, visando a melhora de saúde e qualidade de vida.

Podem ocorrer:

  • dependência física, responsável por sintomas da síndrome de abstinência quando se deixa de fumar;
  • dependência psicológica, responsável pela sensação de ter no cigarro um apoio ou um mecanismo de adaptação para lidar com sentimentos de solidão, frustração, com as pressões sociais, etc;
  • condicionamento, representado por associações habituais com o ato de fumar (fumar e tomar café, fumar e trabalhar, fumar e dirigir, fumar e consumir bebidas alcoólicas, fumar após as refeições e outras).

O ideal é realizar uma avaliação individualizada, definindo o melhor tratamento. A combinação de terapia comportamental, apoio social e medicações, sempre orientadas por um médico, são avaliadas e sessões que podem ser individuais ou em grupo são realizadas com orientações e troca de informações.

As medicações existentes são métodos de reposição de nicotina (balas, chicletes ou adesivos) e antidepressivos, que podem ser usados associados ou individualmente.

Como o tabagismo passivo afeta a saúde das pessoas ao redor do fumante e quais são as medidas que podem ser tomadas para reduzir esse impacto?

O tabagismo passivo aumenta o risco de doenças respiratórias e de vários tipos de câncer, entre eles o de pulmão, doenças cardíacas, arteriais e outras - ou seja, as mesmas que de quem fuma. As crianças ficam especialmente vulneráveis se tiverem exposição passiva do tabaco desde o útero materno. Os danos da fumaça podem causar doenças de maneira mais precoce nas crianças.

As medidas para reduzir esse impacto são:

  • Leis antitabaco: ambientes livres de cigarro protegem a saúde de todos;
  • Educação e conscientização: informar sobre os riscos do tabagismo ativo e passivo é crucial.

Combater o tabagismo é um esforço conjunto que exige ações em diferentes frentes:

  • Governos: implementar políticas públicas eficazes de controle do tabaco;
  • Profissionais de saúde: orientar e auxiliar fumantes no processo de cessação do tabagismo;
  • Sociedade civil: promover campanhas de conscientização e educação sobre os riscos do fumo;
  • Indivíduos: buscar ajuda para parar de fumar e se manter longe do tabaco.

Juntos, podemos construir um mundo livre do tabaco e com mais saúde para todos.

Quais são as tendências atuais em relação ao consumo de tabaco, especialmente entre os jovens?

Cigarros eletrônicos comercializados no mercado são fortemente direcionados ao público jovem. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse: “os cigarros eletrônicos são comercializados para pessoas muito jovens para torná-los dependentes da nicotina. As autoridades nacionais devem agir de forma decisiva para impedir o consumo destes produtos e, assim, proteger os seus cidadãos e cidadãs, especialmente as crianças e os jovens”.

Os cigarros eletrônicos com nicotina são prejudiciais à saúde e causam dependência. Embora seus efeitos de saúde a longo prazo não sejam totalmente conhecidos, já se sabe que eles liberam substâncias tóxicas que são cancerígenas e aumentam o risco de doenças cardíacas e pulmonares. Além disso, podem afetar o desenvolvimento cerebral e causar distúrbios de aprendizagem em jovens. Sabe-se também que a exposição do feto aos cigarros eletrônicos utilizados pela mãe pode prejudicar seu desenvolvimento. A exposição às emissões dos cigarros eletrônicos também apresenta riscos para as pessoas próximas.