Dengue

Entrevista Por: Isabella Mercedes - 04/2024

O Brasil pode registrar o recorde de casos de dengue em 2024. Com o aumento dos casos, surge a necessidade de analisar o cenário com atenção e reforçar as medidas de prevenção. Para isso, contamos com a colaboração da Dra. Daniela Albuquerque, Médica de Família do Amil Espaço Saúde Niterói, que falou sobre a situação atual da dengue, os fatores que contribuem para o aumento e como é possível prevenir essa doença. Confira!

1. Como você descreveria a situação atual da dengue no Brasil em termos de incidência, áreas afetadas e tendências recentes?

No painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde, foram confirmados 653.656 casos de dengue desde o início de 2024 até a segunda quinzena de fevereiro, o que indica 321,9 casos a cada 100 mil habitantes. O maior coeficiente de incidência está no Distrito Federal (2.405,6 casos por 100 mil habitantes), seguido por: Minas Gerais (936,1); Acre (622,4); Paraná (512,6); e Goiás (487,6). Em número de casos absolutos, Minas Gerais está em primeiro lugar com 192.258 registros, seguida de São Paulo (90.408); Distrito Federal (67.768); Paraná (58.660); e Rio de Janeiro (41.435).

2. Quais são os principais fatores que contribuem para o aumento dos casos de dengue no país? Existem grupos populacionais mais afetados?

Os principais fatores que contribuem para o aumento do número de casos de dengue no país são: a combinação entre calor e chuva intensos devido mudanças climáticas e o fenômeno El Ninõ, que acabam por promover o aumento do número de criadouros; pessoas suscetíveis à doença por motivos de saúde diversos e o recente ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus no Brasil. A maioria das infecções têm ocorrido em mulheres (55%), enquanto os homens registram (45%) e a faixa etária dos 30 aos 39 lidera os casos. Em segundo vem a faixa dos 40 aos 49 anos, seguida pela dos 50 a 59 anos.

3. Quais são as medidas preventivas mais eficazes que as autoridades de saúde e a população podem adotar para controlar a propagação da dengue e reduzir a incidência de casos?

O envolvimento da população é fundamental para o sucesso da prevenção e a forma mais efetiva de prevenção é o controle da proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Por isso, é importante evitar acúmulo de água em qualquer tipo de recipiente exposto, permitir o acesso do agente de controle de zoonoses na residência ou estabelecimento comercial, utilizar roupas que minimizem a exposição da pele e usar repelentes e mosquiteiros, além de se vacinar contra a dengue. 

Mas caso note algum sintoma, é importante procurar ajuda médica já nos primeiros sinais da doença para o diagnóstico e eliminação dos riscos. Os sintomas variam de febre alta leve a debilitante, com dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos, mal-estar geral, náusea, vômito, diarreia, manchas vermelhas na pele com ou sem coceira, dor muscular e nas articulações. No atendimento médico é avaliado o quadro da doença, os fatores de risco e as questões epidemiológicas; e exames laboratoriais podem ser necessários.